Fala, pessoal!
Bom, esse artigo tem o objetivo de te encorajar a documentar os seus casos clínicos. Se possível, todos eles. Não importa se você ainda não tem um sensor de radiografia digital. É possível fazer um ótimo trabalho digitalizando as suas radiografias tiradas com películas convencionais. É lógico que você deve evoluir ao longo dos anos. Mas normalmente o começo é de forma mais simples, com aquilo que se tem à disposição. Então, mesmo que não tenha os equipamentos considerados ideais, não deixe de documentar o que você faz no seu dia a dia.
Mas e por que estou te dizendo isso? Bom, eu acredito piamente que você pode se tornar um melhor profissional desenvolvendo o hábito de documentar os seus casos clínicos. Posso te afirmar que isto tem feito toda a diferença em minha carreira pelos últimos 10 anos. E antes mesmo de já ser um profissional da Odontologia, ainda quando acadêmico sempre procurava documentar alguns casos clínicos. E olha que nessa época eu ainda não tinha uma câmera fotográfica do tipo DSLR. Mas eu dava um jeito. Pedia emprestado dos professores, de outros colegas, mas o importante era não deixar passar a oportunidade. Tenho casos clínicos documentados de quase 15 anos atrás, tanto de Endodontia, como de Estomatologia e Cirurgia Buco Maxilo-Facial. E quando você está aberto para oportunidades, elas simplesmente começam a aparecer. Era assim que acontecia comigo na graduação. Os professores já sabiam que podiam contar comigo para documentar casos clínicos. Eu aprendia a operar a câmera fotográfica do professor, e ficava responsável por documentar o caso clínico. Sendo assim, às vezes nem participava do procedimento. Ficava de fora para fazer as fotos e depois passar para o computador.
E isso acontecia também fora da graduação. Durante dois anos, fui estagiário da Liga da Cirurgia Buco Maxilo-Facial da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Um programa voluntário sensacional. Fiz parte da primeira turma que entrou por processo seletivo. Só não chegamos antes que os fundadores, que eram veteranos de um semestre a minha frente. Levei esse mesmo espírito de documentar os casos clínicos para dentro da Liga da Cirurgia. E agora já tinha câmera. Lembra no começo que eu falei que não tinha câmera fotográfica? Agora já tinha uma, ali por meados de 2009. Uma Nikon D3200. Anos depois garanti outra um pouquinha mais moderna, em 2015, quando fui de viagem para Punta Arenas, na Patagônia Chilena. Uma outra Nikon. Dessa vez a D3300, equipamento que possuo até os dias de hoje.
Bom, mas agora quero te falar dos 3 motivos que eu penso serem importantes para você nunca deixar de documentar os seus casos clínicos. Vamos lá então?
- Autenticidade
Todo e qualquer caso clínico que eu e você fazemos é diferente. Ninguém tem outro igual. Podem até existir coisas que igualem determinados casos clínicos, como por exemplo, o diagnóstico, o dente tratado. Mas ninguém tratou aquele determinado dente a não ser você mesmo. E somente isso já faz com que seu caso clínico possua um selo de autenticidade. E isso é muito legal. E acredite, faz muito mais sentido você falar da sua própria experiência e dos percalços que encontrou pelo caminho para executar da melhor forma possível um determinado tratamento. E isso é importante? Claro que sim. Imagine que você pode ser convidado para palestrar sobre a sua área de atuação. Posso te garantir que vai agregar muito mais valor você se dirigir a plateia com os seus próprios casos clínicos. Obviamente, há coisas que você ainda não fez ou das quais você não tenham tanta experiência. Para situações assim, é claro que iremos recorrer ao material didático produzido por outro colega. Há muitos profissionais extremamente iluminados naquilo que fazem, que demonstram toda sua inspiração e talento naquilo que fazem todos os dias. Se você deseja falar de casos clínicos que não são seus, é muito fácil de resolver. Escreve pro colega que é dono do caso, e peça uma autorização. Jamais devemos nos apropriar daquilo que não é nosso. Quer ver um exemplo? Se você ainda não tem casos clínicos com um bom tempo de acompanhamento sobre tratamentos de perfurações, você pode pedir material a colegas que já tenham alcançado um nível de expertise suficiente para falar deste campo com propriedade.
Reforçando o que falei lá no começo. Documente seus casos clínicos. Você precisa de autenticidade, falar daquilo que só você viveu e aprendeu na prática. Isso pode (e vai) ajudar muitos outros colegas que estão no início de suas carreiras. Você ficaria surpreso com a quantidade de pessoas que se inspiram no seu exemplo e você nem fica sabendo. Pense nisso. Ah! A prova disso é tão grande que você vai ver nesse artigo casos clínicos meus de Endodontia do ano de 2013. O que prova como é legal você ter do que falar, daquilo que só você viveu ao longo de sua carreira.
2. Avaliação da curva de aprendizado
Escuta só uma coisa. Ninguém é seu maior rival e oponente do que você mesmo. Entendeu? A motivação necessária para ser melhor que ontem está dentro de você. Aí você se pergunta. Como vou aprender isso documentando casos clínicos? Fácil. Você terá tanto material arquivado que será capaz de avaliar ano após anos como está evoluindo dentro da especialidade. Isso para mim dentro da Endodontia tem feito todo sentido. Veja bem. Comecei a praticar a Odontologia como profissional logo quando recém formado, em janeiro de 2011. Meus primeiros tratamentos endodônticos sem supervisão direta de um professor também foram no mês de janeiro de 2011, na cidade de Itapajé, município distante cerca de 120Km da capital do Estado, Fortaleza. Não lembro de começar a documentar logo nesse começo de carreira, porém dois anos mais tarde, em 2013, quando assumi a cadeira de Endodontia do Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) municipal de Solonópole, já estava com a faca e o queijo na mão, e tudo o que conseguia, documentava. Aqui abaixo você pode ver uma compilação de alguns casos clínicos de Endodontia do ano de 2013, quando ainda fazia técnica de Coroa-Ápice com brocas de gates-glidden para fazer preparo de 2/3 do canal ou até onde iniciavam as curvaturas. E o preparo apical era com a técnica de recuo escalonado progressivo, com limas manuais flexíveis, na maioria das vezes. Apesar de nesta época fazer um tratamento bem “old school“, eu já tinha um localizador foraminal eletrônico, o que economizava o número de radiografias necessárias para concluir um tratamento, e me dava bastante segurança para definir o comprimento de trabalho em meus tratamentos.
No ano de 2015, ingressei na especialização de Endodontia na Associação Brasileira de Odontologia – Secção Ceará (ABO – CE). Fui com o mesmo espírito que eu já tinha quando trabalhava em Solonópole. Documentar tudo aquilo que estivesse ao meu alcance. Essa era a meta. À seguir, coloquei algumas fotos para relembrar essa época tão gostosa que foi a minha especialização, incluindo uma compilação de alguns casos clínicos que já documentava na época com minha câmera Nikon D3300. Não sei se você vai lembrar, mas eu disse que tenho essa câmera até hoje, e é verdade! Inclusive é ela que eu utilizo para fazer a documentação fotográfica em meu microscópio operatório. Prometo depois falar mais sobre isso.
3. Comunicação entre especialistas
Esse motivo é bem importante. A comunicação com especialistas é fundamental principalmente visando melhor conduzir os tratamentos que ofertamos aos nossos pacientes no dia a dia. Todo e qualquer tratamento deve ser visto e compreendido sob o prisma da Odontologia Integrada. Inclusive nos últimos anos, quiçá nas últimas décadas, as escolas de graduação já começaram a incorporar este conceito dentro de seus currículos, implementando as “clínicas integradas”, onde o aluno elabora e executa tratamentos integrados de diversas especialidades no mesmo paciente, sob a supervisão de seus tutores.
Onde entra a documentação de casos clínicos no mundo real? Simples. As fotos e radiografias que você faz, de preferência colocando-as dentro de um fluxo digital de trabalho, com relatórios clínicos, facilitam a comunicação entre dois ou mais dentistas, quer estes trabalhem no mesmo espaço clínico ou não. Vou te dar o meu exemplo. Eu trabalho única e exclusivamente com Endodontia. Mas eu reconheço que meu colega indicador, especialista em Dentística ou Prótese, irá se beneficiar de boas imagens clínicas e radiográficas, para que ele continue o trabalho que eu iniciei no paciente. E não se trata somente de boas imagens clínicas e radiográficas. Relatórios também são muito bem vindos. Você não imagina como esse nível de organização e comunicação irá te posicionar dentro do meio profissional. Faz toda a diferença. Inclusive, esta é uma das maneiras pelas quais você pode conquistar novos e melhores indicadores. Cuidando da qualidade da sua comunicação.
Bom, espero que este material tenha sido útil para você de alguma forma. Aproveito para te convidar a curtir o restante dos meus materiais aqui no blog, bem como também nas minhas principais redes sociais.
Um dia sem ENDO é um dia perdido!
Valeu!
Eliziário Vitoriano