Olá a todos!

Muito bem, gostaria de trazer para você um técnica bastante interessante e barata para ser realizada na clínica de endodontia. Trata-se da técnica da trefina artesanal para remoção de instrumentos fraturados do interior de canais radiculares.

Obviamente, ninguém deseja fraturar instrumentos. Todavia, às vezes surgem momentos onde o fato simplesmente acontece. Posso te dizer com bastante segurança que na maioria dos casos, a fratura de um instrumento ocorre por falta de zelo e cuidado do endodontista no momento de utilizar o instrumento manual ou mecanizado. Seja porque utilizou um instrumento velho e com as espiras abertas, ou porque não dosou a mão para trabalhar com o instrumento dentro do canal, ou também por ter escolhido o instrumento errado para a tarefa. Impaciência, falta de destreza e treinamento com o instrumento. Enfim, são diversas as causas de porque instrumentos fraturam. Há uma chance de que você esteja com um instrumento falsificado em mãos, ou mesmo que o instrumento que você comprou é muito ruim. Mas te digo que normalmente não será isto que vai fraturar um instrumento. O principal fator costuma ser eu e você. Mas aí você pode se perguntar como eu sei disso. A resposta é simples. Olhando para mim e para os meus próprios erros, percebo que 99,9% das vezes a fratura ocorreu porque eu forcei demais, não tive paciência para procurar o instrumento correto, ou mesmo para gastar mais o instrumento manual na exploração e cateterismo antes de ir com um instrumento mecanizado.

Bom, mas vamos ao que interesse para o artigo de hoje. A técnica de trefina artesanal é relativamente simples de entender e de executar. É barata, mas não é infalível. Tampouco é indicada para todos os casos. Entendo que sua principal aplicação seja para casos onde o fragmento do instrumento está localizado antes de curvaturas, entre os terços cervical e médio, onde você consiga ter uma visualização razoável para confeccionar um leito ao redor do instrumento para encaixar um agulha descartável. Isso mesmo. Esta técnica tem como base remover o bisel de uma agulha descartável para você conseguir encaixar ao redor do instrumento na tentativa de deslocá-lo do interior do canal e obter a remoção. O bisel você pode remover com uma broca de alta rotação, esférica ou cilíndrica. Na figura abaixo, você poderá ver um caso clínico ilustrativo de um retratamento onde fraturei uma lima Protaper Universal SX no canal MV2 de um dente 26.

Se você tiver já microscópio operatório, melhor ainda. A sua visualização será ótima. Todavia, com uma lupa e fotóforo de LED acoplado, já é possível fazer um bom trabalho. Mas quer ouvir algo interessante? Para este caso, fiz a olho nu mesmo, pois não tinha nenhum dos dois recursos de magnificação disponível para resolver o problema. Isso quer dizer que eu sou muito bom? Claro que não. Precisei de duas sessões e bastante paciência para lograr a remoção do instrumento fraturado. E tive sorte dele estar localizado praticamente no terço cervical do MV2. Para este tipo de técnica, vejo que a principal desvantagem é, infelizmente, a necessidade de promover um desgaste de tecido dentinário considerável ao redor do fragmento para que se obtenha uma visualização minimamente razoável.

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Um dia sem ENDO é um dia perdido!

Eliziário Vitoriano

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